INTRODUÇÃO
A percepção e a publicidade
são conceitos directamente conectados, visto que a publicidade faz uso de
elementos da percepção para que o consumidor experimente sensações que resultem
num significado. O presente trabalho visa analisar e procurar compreender a
percepção e a publicidade na sua conjuntura dentro da sociedade humana. Estudos
apontam que: “Percebemos a partir dos estímulos”. Sendo assim, a interpretação
que damos a uma publicidade, pode estar directamente ligada ao significado que
atribuímos aos estímulos sensoriais, através do canal perceptivo.
É através dos canais perceptivos que
conseguimos experimentar sensações. Estas
nos levam a interpretar o mundo a nossa volta e interagir com ele. Percepção é
o processo pelo qual os indivíduos são expostos à informação, atendem a ela e a
compreendem. Transmitir sensações é primordial para o publicitário e os
profissionais de marketing, cujo objectivo principal é atrair e conquistar
clientes. Os profissionais não devem simplesmente expor as informações e achar
que o consumidor será atraído, eles precisam fazer com que a atenção seja
direccionada aquele anúncio e o reflexo do consumidor seja activado através da
criação de estímulos que os surpreendam e ultrapassem suas expectativas.
CAPITULO I: A PERCEPÇÃO
Definição da Percepção
A percepção é,
em psicologia,
neurociência
e ciências cognitivas, a função cerebral
que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de
histórico de vivências passadas. Através da percepção um indivíduo organiza e
interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio.
Consiste na aquisição, interpretação, selecção e organização das informações
obtidas pelos sentidos.[1] A
percepção pode ser estudada do ponto de vista estritamente biológico
ou fisiológico,
envolvendo estímulos eléctricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos
sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve
também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar
na interpretação dos dados percebidos. Na actividade
perceptiva influem pois, além das sensações, a atenção, a afectividade, os
instintos, operações intelectuais e, por vezes, a intencionalidade.
Uma abordagem
sobre a Percepção.
Em Psicologia, atestamos a percepção global, o modo de
percepção de um objecto na sua totalidade por contraste com a percepção analítica.
Se um estímulo é percebido holisticamente (isto é, organizado na sua
globalidade) ou dimensionalmente depende da sua estrutura.[2]
Assim, se as dimensões do estímulo são unitárias (p. ex., a saturação e o
brilho de uma cor) são processadas globalmente ao passo que as dimensões
separadas (p. ex., o tamanho e o brilho de um objecto) são percebidas
isoladamente, como componentes distintos. No entanto, o processamento de
dimensões que são separáveis para um adulto começa na criança por ser holístico
para só mais tarde no desenvolvimento se tornar dimensional. Daí que as
estratégias de processamento acessíveis ao sujeito (holístico ou dimensional) e
a estrutura do estímulo (integral ou separável) determinem conjuntamente a
percepção em termos globais ou analíticos.
No Acto
de organização dos dados sensoriais pelo qual conhecemos «a presença actual de
um objecto exterior»: temos consciência que este objecto está ali, dotado de uma
certa consistência e atribuímos-lhe qualidades, segundo aquilo que sabemos
dele.[3] A
criança, nos primeiros dias da sua vida, recebe percepções visuais cuja
natureza exacta desconhece, mas que lhe aparecem verdadeiramente como manchas
coloridas, pouco diferenciadas, não localizadas. A actividade sensório-motora
dos primeiros meses terá como fim organizar estas informações confusas. A
criança entrega-se a experiências: desloca os objectos, agarra-os, observa-os e
compara as percepções visuais e tácteis; constrói, assim um espaço a três
dimensões, no qual as percepções auditivas e olfactivas ocupam o seu lugar. Vai
assim de descoberta em descoberta, retomando os esquemas perceptivos já
elaborados em novas sínteses mais complexas. A percepção não é um simples soma
das estimulações que impressionam os receptores sensoriais. Organiza as
informações recebidas, em função dos nossos desejos, das nossas necessidades e
das nossas experiências. Antes de ter explorado a mensagem sensorial, já lhe
tínhamos atribuído um valor e não retemos dela senão aquilo que corresponde à
nossa expectativa. Em toda a percepção existe uma «pré-percepção».
Tipos de Percepção
A
percepção pode ser de diversos tipos: a) Percepção interna — faculdade de perceber pelos sentidos; b) Percepção externa — a compreensão ou
apreensão mental; a consciência; c) Percepção
natural ou primária — a que é dada imediatamente pelos sentidos; d) Percepção adquirida — deduções
imediatas; e) Percepção obscura -
fenómenos subconscientes.[4]
Nos seres humanos, as formas
mais desenvolvidas são a percepção visual e auditiva, pois durante muito tempo
foram fundamentais à sobrevivência da espécie (a visão
e a audição
eram os sentidos mais utilizados na caça e na protecção contra predadores).
Também é por essa razão que as artes
plásticas e a música foram as primeiras formas de arte a serem desenvolvidas
por todas as civilizações, antes mesmo da invenção da escrita. As demais formas
de percepção, como a olfactiva, gustativa e táctil, embora não associadas às
necessidades básicas, têm importante papel na afectividade e na reprodução.
Formas de percepção
·
Percepção visual: A visão é a percepção de raios luminosos
pelo sistema visual. Esta é a forma de percepção mais estudada pela psicologia
da percepção. A maioria dos princípios gerais da percepção foram desenvolvidos
a partir de teorias especificamente elaboradas para a percepção visual (por ex.
as imagens).
·
Percepção auditiva: A audição é a percepção de sons pelos ouvidos. A
psicologia, a acústica e a psicoacústica
estudam a forma como percebemos os fenômenos sonoros. Uma aplicação
particularmente importante da percepção auditiva é a música.
Os princípios gerais da percepção estão presentes na música. Em geral, ela
possui estruturação, boa-forma, figura e fundo (representada pela melodia e
acompanhamento) e os géneros e formas musicais permitem estabelecer uma
constância perceptiva.
·
Percepção olfactiva: O olfacto
é a percepção de odores pelo nariz. Este sentido é relativamente ténue nos
humanos, mas é importante para a alimentação. A memória olfactiva também tem
uma grande importância afectiva. A perfumaria
e a enologia
são aplicações dos conhecimentos de percepção olfactiva.
·
Percepção gustativa: O paladar
é o sentido de sabores pela língua. Importante para a alimentação. Embora
seja um dos sentidos menos desenvolvidos nos humanos, o paladar é geralmente
associado ao prazer
e a sociedade contemporânea muitas vezes valoriza o paladar sobre os aspectos
nutritivos dos alimentos. A arte culinária
e a enologia
são aplicações importantes da percepção gustativa.
·
Percepção táctil: O tacto é sentido pela pele em todo o corpo. Permite reconhecer
a presença, forma e tamanho de objectos em contacto com o corpo e também sua
temperatura. Além disso o tacto é importante para o posicionamento do corpo e a
protecção física.
·
Percepção temporal: Não existem órgãos específicos para a
percepção do tempo,
no entanto é certo que as pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. A
percepção temporal esbarra no próprio conceito da natureza do tempo, assunto
controverso e tema de estudos filosóficos, cognitivos e físicos, bem como o
conhecimento do funcionamento do cérebro
(neurociência). A percepção temporal já foi objecto de diversos estudos desde o
século XIX
até os dias de hoje, quando é estudado por técnicas de imagem como a ressonância magnética.[5] Os
experimentos destinam-se a distinguir diferentes tipos de fenômenos relevantes
à percepção temporal.
·
Percepção espacial: Assim como as durações, não possuímos um
órgão específico para a percepção espacial, mas as distâncias entre os objectos
podem ser efectivamente estimadas. Isso envolve a percepção da distância e do
tamanho relativo dos objectos. A razão para separar a percepção espacial das
outras modalidades repousa no fato de que aparentemente a percepção espacial é
supra-modal, ou seja, é compartilhada pelas demais modalidades e utiliza
elementos da percepção auditiva, visual e temporal. Assim, é possível
distinguir se um som procede especificamente de um objecto visto e se esse objecto
(ou o som) está aproximando-se ou afastando-se.
·
Propriocepção: é a capacidade em reconhecer a localização
espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos
e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão.
Este tipo específico de percepção
permite a manutenção do equilíbrio e a realização de diversas actividades práticas.
Resulta da interacção das fibras musculares que trabalham para manter o
corpo na sua base de sustentação, de informações tácteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido
interno e responsável pelo equilíbrio.
Depois dos tratados a conhecimento profundo
da percepção, para a eficácia do nosso propósito neste estudo, sentimos pois,
com bom agrado, a necessidade de assimilar os trâmites da publicidade, que como
dissemos na introdução, está ligada a percepção.
CAPITULO II: A PUBLICIDADE
A publicidade é um processo comunicacional cujas raízes mergulham na
mais remota antiguidade. Restringindo-nos ao Ocidente, encontramo-la na Grécia
sob a forma espontânea de que a proclamação era o meio mais significativo.
Alguns autores admitem que os gregos se socorreram de outros meios e de outras
formas de publicidade, no entanto concordam na ideia de que os materiais de que
lhes teriam servido de suporte seriam de pouca duração. Em Roma, a publicidade
oral desempenhou um papel mais activo e mais amplo que na antiga Grécia. Com
efeito, os Romanos, desenvolveram uma publicidade verbal de tipos informativo e
persuasivo, adejando em torno de aspectos políticos, religiosos, culturais,
desportivos e outros, a qual originou mesmo o aparecimento de um novo grupo
ocupacional: os pregoeiros.
A par deste processo antigo de informar, e convencer desenvolveram-se
outros baseados na inscrição e na escrita. Ilustram estes factos históricos os
painéis de parede, designados álbuns, em que eram anunciados os jogos e
combates.
Nos nossos dias, a publicidade, tende a identificar-se com os mecanismos
económico-sociais capitalistas. A publicidade está em toda a parte. Todos os
anos quantias fabulosas são gastas em publicidade. Os meios utilizados são
diversos, vemo-los e ouvimo-los desde a altura em que de manhã ligamos o rádio
enquanto nos vestimos, até à noite em que nos relaxamos frente à televisão.
Porque a publicidade é omnipresente e intrometida, todos tomamos posição sobre
ela, no entanto poucos estarão habilitados a definir publicidade com precisão e
ainda menos compreenderão a importância da publicidade nesta comunidade
inter-relacionada de instituições e indivíduos, a que chamamos sociedade.
Definição de publicidade
Em sentido lato, por publicidade
entende-se qualquer processo através do qual tornamos público conhecimentos,
ideias ou produtos. Neste sentido, a publicidade não se distingue da propaganda
nem do anúncio. Em sentido restrito, no entanto, a publicidade é o processo de
tornar conhecido publicamente um produto ou um serviço através dos suportes ou
dos meios de comunicação social (imprensa escrita, rádio, televisão, cinema,
cartaz etc), mediante o pagamento de uma determinada remuneração.[6]
Neste sentido, a publicidade distingue-se da propaganda por tentar promover
produtos ou serviços e não ideias e ideologias. Distingue-se igualmente do
anúncio por comportar sempre uma contrapartida financeira.
As definições de publicidade que têm sido mais aceites e
nós também nos apreendemos nelas, definem-na do ponto de vista da função do marketing
que desempenham, ou do papel na aceleração de bens e serviços do produtor para
o consumidor. A AMA (American Marketing Association) recomenda a seguinte
definição: Publicidade é qualquer forma paga de apresentação e promoção não
pessoal de ideias, bens ou serviços, através de um patrocinador específico e
identificado. Esta definição tem por finalidade distinguir publicidade de
qualquer outra acção que, embora conduzindo ao conhecimento (relações públicas,
etc.), não é paga e não tem intenção de levar directamente ao desencadear de
uma acção. Fala-se normalmente de publicidade, quando se compra tempo ou espaço
para contar a história. A prática da publicidade está consideravelmente mais
avançada do que a teoria e muitos profissionais têm dificuldade em estabelecer
a natureza e os limites da sua profissão. A publicidade tem as suas raízes em
vários indícios como a antropologia, a arte, a economia, o marketing, as
matemáticas, a psicologia, a sociologia, entre outras.
Uma Abordagem Sobre A Publicidade
Segundo Paul Robert, a publicidade
é a Arte de exercer uma acção psicológica sobre o público, com fins comerciais.[7] Da
informação ao reclamo, do estudo das motivações à criação de necessidades
novas, a publicidade vai buscar às técnicas psicológicas, os métodos de pesquisa
e o estudo dos motivos inconscientes. A publicidade repousa sobre uma
necessidade evidente: é preciso informar o público da existência de um produto
para que as pessoas pensem em compra-lo. A eficácia da publicidade sobre a
venda não pode negar-se, mas ela depende tanto da importância do orçamento
previsto como da aplicação de certos dados definidos pelas técnicas
psicológicas.
O Choque Psicológico
Antes de mais, é preciso impressionar
a imaginação. Cartazes de cores chocantes, fluorescentes, néon, cintilações,
etc. para fazer penetrar o nome de um novo produto na memória, nada melhor que
uma formula simples, repetida cem vezes. É o slogan publicitário, muitas vezes
acompanhado de brindes que dispõem favoravelmente os compradores eventuais.
A Lisonja dos Instintos
Para incitar o futuro cliente a
passar ao acto de comprar, faz-se apelo a todos os seus desejos profundos:
gosto do luxo, do conforto, da boa comida, etc. é preciso que a necessidade
desagradável de desembolsar o dinheiro seja camuflada momentaneamente pelos
impulsos do “princípio de lazer” que dá a vida ao inconsciente.
O objectivo da publicidade é fazer
crer ao homem que a maioria dos seus bens estão ao seu alcance, mesmo aqueles a
que ele tinha renunciado de uma vez por todas. Ela também faz a modificação de sentimentos. Não está apenas ligada à
promoção de bens, a maior parte dela é de ajudar a venda de bens ou serviços a
potenciais consumidores.
A moderna publicidade é planeada
tendo o objectivo a persuasão. Embora as expressões “apresentação” e “promoção”
envolvam uma exibição e lançamento, dificilmente sugerem uma tentativa activa
para influenciar as pessoas a agir ou acreditar através de um manifesto apelo à
razão ou à emoção. Isto é a persuasão. É interessante notar que o elemento
persuasão é frequentemente ignorado em alguns conceitos modernos de
publicidade. Aparentemente embora se aceite que a publicidade seja uma força
inanimada que acelera a distribuição de bens e serviços, declarar abertamente
que ela tem um carácter de persuasão é rotulá-la de acção irracional,
anti-racional e sem ética.
Alguns Princípios Éticos e Morais da
Publicidade
Para o devido uso recto dos meios é absolutamente necessário que todos os
que se servem deles conheçam e levem à prática, neste campo, as normas de ordem
moral. Neste contexto, oferecem-se aos mass
midia simplesmente duas opções: ou
eles ajudam as pessoas a compreender e a realizar melhor o bem e a verdade, ou
transformam-se em forças destruidoras que se opõem ao bem-estar humano. Isto
verifica-se de modo particular no que concerne à publicidade.
Perante esta situação global, formulamos o seguinte princípio para os
profissionais da publicidade: «os publicitários – ou seja, os que encomendam,
os que realizam e difundem a publicidade – são moralmente responsáveis pelas
estratégias que incitam as pessoas a comportarem-se duma determinada maneira».[8]
Esta responsabilidade é partilhada pelos editores, por quem desempenha as suas
funções na televisão por quantos fazem parte do mundo das comunicações sociais,
bem como por aqueles que a garantem comercial ou politicamente, porque
participam do mesmo modo nos diferentes estádios do processo publicitário.
Quando uma iniciativa publicitária estimula o público a fazer uma opção
ou a agir de maneira razoável e moralmente boa para si próprio e para o
próximo, empenha os seus autores na vida do bem. Pelo contrário, se ela
estimula às más acções, autodestruidoras e destruidoras duma autêntica
comunidade, os seus autores praticam o mal. Isto também é válido para os meios
e técnicas publicitárias: «é moralmente errado recorrer a métodos de
manipulação e de exploração, pervertidos ou corruptos, a fim de persuadir ou
motivar».[9] A
este propósito, indicamos os problemas particulares relacionados com a chamada
publicidade indirecta, que incita o público a agir duma certa maneira, sem
estar totalmente consciente de ser condicionado. As técnicas em questão mostram
determinados produtos ou formas de comportamento num âmbito sedutor,
associando-os a personagens que estão na moda. Em alguns casos extremos, a
publicidade pode mesmo recorrer às mensagens subconscientes. Dentro deste
quadro muito geral, podemos identificar alguns princípios morais que se aplicam
especificamente à publicidade, dos quais mencionamos três: a veracidade na
publicidade, dignidade da pessoa humana e a responsabilidade social.
Aspectos Económicos: técnicas, meios e
objectivos.
No esforço de vendas é
necessário desenvolver técnicas para estabelecer comunicações directas e
persuasivas com os clientes e que cada uma tem objectivos e modos de actuar
diferentes e, por isso, com funções bem determinadas no desenvolvimento da
parte respectiva da estratégia comercial.[10] Estas técnicas são a publicidade, a venda pessoal, a
promoção de vendas, as relações públicas e as acções especiais (publicity). Caracterizemos sumariamente
cada uma:
A
publicidade: o conceito desta técnica já
apresentamos a cima. Os meios utilizados por ela podem ser os de massa (mass media), tais como jornais, revistas
de grande tiragem, banda desenhada, televisão, rádio, cinema sonoro, discos, cartazes (de parede e em
viaturas), ou de menor difusão, p. ex., revistas especializadas, inserções nas
páginas amarelas. Quanto ao objectivo, para além do já referido, ela pretende
estabelecer o contacto.
Venda
Pessoal: apresentação pessoal, em
entrevista com um ou mais compradores, de mensagens sobre produtos, serviços ou
ideias, com o propósito de conseguir uma venda. É a forma de promoção mais
agressiva e, consequentemente, talvez a mais eficiente, pois permite modificar
a mensagem à medida das necessidades, mas é também a de maior custo e a de mais
difícil controle. Os meios utilizados para esta técnica são, naturalmente, os
vendedores, os quais podem ter vários perfis e desempenhar funções diversas conforme
a empresa em que trabalham e a clientela a que se destinam. Objectivo: despertar
interesse.
Promoção
de vendas: conjunto de materiais e
técnicas que reforçam e completam a publicidade e a venda pessoal,
estabelecendo um diálogo entre os segmentos marcados e a empresa ou entre esta
e os canais de distribuição com um objectivo de aceleração das vendas. Os meios
utilizados podem ser de vários tipos e entre eles encontramos materiais
impressos, concursos, brindes, demonstrações etc. Objectivo: obter preferência.
Relações
públicas: pretendem criar,
antecipadamente, um ambiente de confiança ou compreensão, eliminando
prevenções, travões ou preconceitos. Legitimam assim a existência, os
objectivos e a acção da empresa perante os seus públicos. Utilizam, de um modo
geral, os meios de publicidade, especialmente os de massa, mas, quando a sua
acção se exerce sobre um público específico, usam também meios de menor difusão
mais adequados. Objectivo: obter encomenda.
Acções
especiais (publicity): consiste no estímulo
não pessoal da procura de um produto ou serviço pala divulgação de elementos
comerciais significativos, através dos meios da publicidade ou obtendo a
apresentação favorável nos órgãos de informação, sem ser paga pelo
patrocinador. Estas formas de promoção são classificadas em rubrica especial.
Objectivo: proporcionar satisfação contínua.
Anúncios Publicitários, Percepção e Persuasão
Construir um anúncio publicitário é construir uma máquina
de guiar a percepção. É dar os títulos aos elementos visuais, ao texto o valor
necessário para que o encadeamento dos conceitos se faça no sentido desejado. É
dar à apresentação do produto e à marca o espaço e a dimensão convenientes para
que alcancem o máximo impacto. Este espaço e esta dimensão não são um maior número
de caracteres, mas sim uma sequência de percepção que vai criar o impacto do
produto e da marca. Para ser eficaz, a publicidade deve comunicar claramente a
mensagem, deve ficar na memória e persuadir o público a comprar. Assim se
afirma que na publicidade a arte gráfica é utilizada de modo mais criativo,
porque além da função estética realça as funções expressiva e persuasiva.[11]
Até mesmo um teste de comunicação
pode ser feito com o anúncio filmado ou mesmo antes. Uma maneira é criar
situações de observação forçada. Apresenta-se o anúncio a algumas pessoas e
depois pergunta-se-lhes o que lhes foi transmitido. Este é um modo simples e
pouco dispendioso de avaliar o que o anúncio diz. Este tipo de pesquisa permite
testar todo o anúncio ou qualquer parte dele (uma frase, uma demonstração etc).
É importante ter a certeza de que o anúncio diz realmente aquilo que se
pretende dizer. Um anúncio deve prender a atenção das pessoas e fazê-las
conhecer o produto. O método mais comum de provar se isto se verifica é o teste
de memória de um anúncio televisionado. A pesquisa de memória é largamente
utilizada porque o teste tem lugar em condições reais, em casa, proporcionando
uma avaliação simples e relativamente barata, podendo também dar a conhecer
comentários sobre o anúncio.
A persuasão é o elemento de um
anúncio de mais difícil avaliação, mas a capacidade de convencer os
consumidores a comprar é a finalidade de toda a publicidade, e pode ser medida.
Existem muitas técnicas para avaliar a capacidade de persuasão. Muitas delas
medem, de algum modo, a capacidade do anúncio para transformar as atitudes do
consumidor. A pesquisa de persuasão é muito útil quando se inicia uma nova
linha de comunicação.
CAPÍTULO
III: A PERCEPÇÃO E A PUBLICIDADE
Cada indivíduo possui sua
percepção pessoal de acordo com suas experiências de vida, assim duas pessoas
podem ter percepções distintas sobre um mesmo produto, pessoas da mesma idade,
sexo e da mesma classe social expostas a um mesmo estímulo podem captá-lo de
forma diferenciada de acordo com suas necessidades individuais. Os elementos de
uma publicidade podem proporcionar diferentes interpretações e, qualquer estímulo
visual, físico ou verbal pode influenciar a resposta individual do consumidor. Ora,
vale apenas considerar que (la personnalité est élément determinant de la
perception) a personalidade é o elemento determinante da percepção.[12] Na
prática, a percepção nada mais é do que um processo que nos permita descodificar
os estímulos e mensagens externas que recebemos a cada segundo. Se as
necessidades e motivações de um indivíduo, analisadas anteriormente, se
concretizam, por vezes, na compra e no consumo ou em qualquer outro acto, não
deveríamos chegar à conclusão, precipitadamente, que o interior do ser humano é
o suficiente para explicar todos os seus actos, comportamento e atitudes. Além
de suas necessidades básicas, psicológicas ou biológicas, o que um consumidor
compra depende, também, do que há disponível no meio que o rodeia.[13] O
publicitário ao elaborar uma peça precisa buscar meios que facilitem a
percepção da mensagem que ele quer transmitir naquele produto midiático, para
que as pessoas com diferentes histórias de vida consigam entender e interpretar
a mensagem. Para isso a publicidade recorre a imagens e palavras que tentam
persuadir o receptor a utilização ou aquisição daquele produto, a maioria delas
contém elementos que reduzem o nível de ambiguidade.
Para o publicitário é importante
conhecer o público para quem se produz, facilitando assim seu processo criativo
para que seu produto final seja claro e fácil de interpretar de acordo com o
público que se quer atingir. Quando o publicitário conhece bem a empresa
cliente, o serviço e o público alvo que pretende atingir com esse produto
midiático, ele consegue utilizar simbologias que esse público específico possa
perceber e assimilar com sua experiência de vida, e assim atinge mais
facilmente o desejo final do anunciante que é vender o produto ou a ideia. Segundo
o escritor Adriano Duarte Rodrigues, o público, enquanto categoria do juízo
crítico, torna-se assim, numa instância de decisão e de legitimidade, num
autêntico sujeito de enunciação, na medida em que se arroga o direito e até o
dever de informar e de ser informado, situando para isso a legitimidade sob o
modo do «saber», em oposição à modalidade do soberano, à modalidade do
«querer».[14]
Os níveis de percepção do
consumidor em relação à mensagem da publicidade propõem que poucas são as
pessoas que prestam muita atenção à publicidade e que o nível de atenção dedicada
à mensagem publicitária pode variar do interesse ou entretenimento, à incredulidade,
ironia ou ridículo, à completa não- atenção, ou mesmo à não-atenção activa (por
exemplo, quando se usa o controle remoto para mudar canais de televisão).
O dia-a-dia do consumidor é
cercado de propagandas, publicidades e marcas por onde quer que ele passe, por
isso, a mensagem se torna mais difícil ainda de ser transmitida, a concorrência
de anúncios e chamamentos até mesmo dentro de casa, na tela do computador ou na
rua aumenta a disputa pela atenção do público. Além disso, na actualidade a
correria não deixa que a população em geral ocupe muito tempo observando os
detalhes dos anúncios. Portanto, para que a peça seja percebida, nada melhor do
que utilizar estímulos visuais atraentes, diferentes e sempre direccionados ao
consumidor que deseja alcançar e a mensagem que se quer transmitir.
Observa-se que a percepção vem
ganhando cada vez mais destaque no campo da publicidade, visto que recorre a
imagens e palavras para persuadir o espectador à compra ou utilização de
produtos ou serviços. A importância de estudar a percepção se fortalece quando
se reconhece que o ser humana ser afectado e influenciado por uma combinação de
conjunto de estímulos que passam a dar lugar a uma interpretação pessoal das
coisas, do mundo em geral, já que, em sentido restrito, a percepção de cada
pessoa é única. Isto explica as razões pelas quais duas pessoas podem não ver
ou interpretar as coisas da mesma forma. É a partir deste entendimento sobre a
percepção e de que maneira ela pode influenciar no comportamento que
profissionais de publicidade vêm buscando encontrar estratégias que facilitem e
acelerem o fenómeno que funciona da seguinte forma: uma boa publicidade gera
percepção que por sua vez, leva à acção, à participação e, finalmente, à
aquisição do produto.
CONCLUSÃO
O Estudo da percepção é de extrema importância
porque o comportamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade e não na realidade em si. Por este motivo, a
percepção das actividades publicitárias e do mundo em geral é diferente para
cada um de nós. A publicidade e a respectiva percepção exercem uma influência
considerável na nossa sociedade. Mas à questão da publicidade está na forma como a sua influência deve
ser orientada. Embora a maior parte das críticas sobre publicidade sejam
exageros decorrentes de instâncias isoladas e não de práticas generalizadas,
têm o mérito de alertar as pessoas para um período latente, tornando-as
conscientes da sua responsabilidade. A publicidade tem vindo também a ser
encarada como
um guia do comportamento pessoal do consumidor. A sua esfera de influência tem
vindo a alargar e a sua aplicação a estender-se a diversas áreas.
Os indispensáveis garantes dum comportamento ético correcto da indústria
publicitária são, antes de tudo, as consciências bem formadas dos profissionais
da publicidade: consciências sensíveis ao próprio dever não só de satisfazer os
interesses dos que encomendam ou financiam o seu trabalho, mas também de
respeitar e de velar pelos direitos do seu público e de servir o bem comum.
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Último acesso: dia 02. 04. 2013 às 16:50:30.
http://pcmarques.paginas.sapo.pt/pubper.htm,
Último acesso: dia 02.04.2013. às 17:55:50.
[2] J. NOGUEIRA, in Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura
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Ed.Verbo, Lisboa-S. Paulo, 2002, pag. 705.
[3] AA.VV. Dicionário de Psicologia, (Sub. Art. Percepção), Ed. Verbo, Lisboa-S. Paulo,
1978, pag. 380.
[6] A. D. ROIDRIGUES & E.
M. CORREIA, in Polis – Enciclopédia da
sociedade e do Estado: antropologia, direito, economia e ciência politica, nº 4,
(Sub. Art. Publicidade), Ed. Verbo,
Lisboa-S. Paulo, 1986, pag. 1707.
[7] AA.VV. Dicionário de Psicologia, (Sub. Art. Publicidade), Op. Cit., pag.440.
[8] AA.VV., Ética da publicidade, Ed. Paulinas, S.
Paulo – Lisboa, 1997, pag. 24.
[9] Ibdem.
[10] A. D. ROIDRIGUES & E.
M. CORREIA, Op. cit., pag. 1714.
[11] AA.VV., A Arte de Comunicar – Metodologia, Ed. Paulistas,
Lisboa, 1992, pag. 123.
[12] C. GUIMELLI & M.-L. ROUQUETTE, Problèmes psychologiques des methods
audio-visuelles, Ed. Cle
International, Paris, 1979. pag. 14.
[14] A. D. RODRIGUES, Estratégias da Comunicação, Ed. Presença,
Lisboa, 1990, pag. 40.