quarta-feira, 1 de maio de 2013

                                                      A PERCEPÇÃO E A PUBLICIDADE


INTRODUÇÃO

A percepção e a publicidade são conceitos directamente conectados, visto que a publicidade faz uso de elementos da percepção para que o consumidor experimente sensações que resultem num significado. O presente trabalho visa analisar e procurar compreender a percepção e a publicidade na sua conjuntura dentro da sociedade humana. Estudos apontam que: “Percebemos a partir dos estímulos”. Sendo assim, a interpretação que damos a uma publicidade, pode estar directamente ligada ao significado que atribuímos aos estímulos sensoriais, através do canal perceptivo.
É através dos canais perceptivos que conseguimos experimentar sensações. Estas nos levam a interpretar o mundo a nossa volta e interagir com ele. Percepção é o processo pelo qual os indivíduos são expostos à informação, atendem a ela e a compreendem. Transmitir sensações é primordial para o publicitário e os profissionais de marketing, cujo objectivo principal é atrair e conquistar clientes. Os profissionais não devem simplesmente expor as informações e achar que o consumidor será atraído, eles precisam fazer com que a atenção seja direccionada aquele anúncio e o reflexo do consumidor seja activado através da criação de estímulos que os surpreendam e ultrapassem suas expectativas.

CAPITULO I: A PERCEPÇÃO  

Definição da Percepção
A percepção é, em psicologia, neurociência e ciências cognitivas, a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. Consiste na aquisição, interpretação, selecção e organização das informações obtidas pelos sentidos.[1] A percepção pode ser estudada do ponto de vista estritamente biológico ou fisiológico, envolvendo estímulos eléctricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos. Na actividade perceptiva influem pois, além das sensações, a atenção, a afectividade, os instintos, operações intelectuais e, por vezes, a intencionalidade.

Uma abordagem sobre a Percepção.
Em Psicologia, atestamos a percepção global, o modo de percepção de um objecto na sua totalidade por contraste com a percepção analítica. Se um estímulo é percebido holisticamente (isto é, organizado na sua globalidade) ou dimensionalmente depende da sua estrutura.[2] Assim, se as dimensões do estímulo são unitárias (p. ex., a saturação e o brilho de uma cor) são processadas globalmente ao passo que as dimensões separadas (p. ex., o tamanho e o brilho de um objecto) são percebidas isoladamente, como componentes distintos. No entanto, o processamento de dimensões que são separáveis para um adulto começa na criança por ser holístico para só mais tarde no desenvolvimento se tornar dimensional. Daí que as estratégias de processamento acessíveis ao sujeito (holístico ou dimensional) e a estrutura do estímulo (integral ou separável) determinem conjuntamente a percepção em termos globais ou analíticos.
No Acto de organização dos dados sensoriais pelo qual conhecemos «a presença actual de um objecto exterior»: temos consciência que este objecto está ali, dotado de uma certa consistência e atribuímos-lhe qualidades, segundo aquilo que sabemos dele.[3] A criança, nos primeiros dias da sua vida, recebe percepções visuais cuja natureza exacta desconhece, mas que lhe aparecem verdadeiramente como manchas coloridas, pouco diferenciadas, não localizadas. A actividade sensório-motora dos primeiros meses terá como fim organizar estas informações confusas. A criança entrega-se a experiências: desloca os objectos, agarra-os, observa-os e compara as percepções visuais e tácteis; constrói, assim um espaço a três dimensões, no qual as percepções auditivas e olfactivas ocupam o seu lugar. Vai assim de descoberta em descoberta, retomando os esquemas perceptivos já elaborados em novas sínteses mais complexas. A percepção não é um simples soma das estimulações que impressionam os receptores sensoriais. Organiza as informações recebidas, em função dos nossos desejos, das nossas necessidades e das nossas experiências. Antes de ter explorado a mensagem sensorial, já lhe tínhamos atribuído um valor e não retemos dela senão aquilo que corresponde à nossa expectativa. Em toda a percepção existe uma «pré-percepção».

Tipos de Percepção
            A percepção pode ser de diversos tipos: a) Percepção interna — faculdade de perceber pelos sentidos; b) Percepção externa — a compreensão ou apreensão mental; a consciência; c) Percepção natural ou primária — a que é dada imediatamente pelos sentidos; d) Percepção adquirida — deduções imediatas; e) Percepção obscura - fenómenos subconscientes.[4]
            Nos seres humanos, as formas mais desenvolvidas são a percepção visual e auditiva, pois durante muito tempo foram fundamentais à sobrevivência da espécie (a visão e a audição eram os sentidos mais utilizados na caça e na protecção contra predadores). Também é por essa razão que as artes plásticas e a música foram as primeiras formas de arte a serem desenvolvidas por todas as civilizações, antes mesmo da invenção da escrita. As demais formas de percepção, como a olfactiva, gustativa e táctil, embora não associadas às necessidades básicas, têm importante papel na afectividade e na reprodução.

Formas de percepção
·       Percepção visual: A visão é a percepção de raios luminosos pelo sistema visual. Esta é a forma de percepção mais estudada pela psicologia da percepção. A maioria dos princípios gerais da percepção foram desenvolvidos a partir de teorias especificamente elaboradas para a percepção visual (por ex. as imagens).
·         Percepção auditiva: A audição é a percepção de sons pelos ouvidos. A psicologia, a acústica e a psicoacústica estudam a forma como percebemos os fenômenos sonoros. Uma aplicação particularmente importante da percepção auditiva é a música. Os princípios gerais da percepção estão presentes na música. Em geral, ela possui estruturação, boa-forma, figura e fundo (representada pela melodia e acompanhamento) e os géneros e formas musicais permitem estabelecer uma constância perceptiva.
·        Percepção olfactiva: O olfacto é a percepção de odores pelo nariz. Este sentido é relativamente ténue nos humanos, mas é importante para a alimentação. A memória olfactiva também tem uma grande importância afectiva. A perfumaria e a enologia são aplicações dos conhecimentos de percepção olfactiva.
·         Percepção gustativa: O paladar é o sentido de sabores pela língua. Importante para a alimentação. Embora seja um dos sentidos menos desenvolvidos nos humanos, o paladar é geralmente associado ao prazer e a sociedade contemporânea muitas vezes valoriza o paladar sobre os aspectos nutritivos dos alimentos. A arte culinária e a enologia são aplicações importantes da percepção gustativa.
·         Percepção táctil: O tacto é sentido pela pele em todo o corpo. Permite reconhecer a presença, forma e tamanho de objectos em contacto com o corpo e também sua temperatura. Além disso o tacto é importante para o posicionamento do corpo e a protecção física.
·         Percepção temporal: Não existem órgãos específicos para a percepção do tempo, no entanto é certo que as pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. A percepção temporal esbarra no próprio conceito da natureza do tempo, assunto controverso e tema de estudos filosóficos, cognitivos e físicos, bem como o conhecimento do funcionamento do cérebro (neurociência). A percepção temporal já foi objecto de diversos estudos desde o século XIX até os dias de hoje, quando é estudado por técnicas de imagem como a ressonância magnética.[5] Os experimentos destinam-se a distinguir diferentes tipos de fenômenos relevantes à percepção temporal.
·         Percepção espacial: Assim como as durações, não possuímos um órgão específico para a percepção espacial, mas as distâncias entre os objectos podem ser efectivamente estimadas. Isso envolve a percepção da distância e do tamanho relativo dos objectos. A razão para separar a percepção espacial das outras modalidades repousa no fato de que aparentemente a percepção espacial é supra-modal, ou seja, é compartilhada pelas demais modalidades e utiliza elementos da percepção auditiva, visual e temporal. Assim, é possível distinguir se um som procede especificamente de um objecto visto e se esse objecto (ou o som) está aproximando-se ou afastando-se.
·         Propriocepção: é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio e a realização de diversas actividades práticas. Resulta da interacção das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações tácteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno e responsável pelo equilíbrio.
Depois dos tratados a conhecimento profundo da percepção, para a eficácia do nosso propósito neste estudo, sentimos pois, com bom agrado, a necessidade de assimilar os trâmites da publicidade, que como dissemos na introdução, está ligada a percepção.

CAPITULO II: A PUBLICIDADE
A publicidade é um processo comunicacional cujas raízes mergulham na mais remota antiguidade. Restringindo-nos ao Ocidente, encontramo-la na Grécia sob a forma espontânea de que a proclamação era o meio mais significativo. Alguns autores admitem que os gregos se socorreram de outros meios e de outras formas de publicidade, no entanto concordam na ideia de que os materiais de que lhes teriam servido de suporte seriam de pouca duração. Em Roma, a publicidade oral desempenhou um papel mais activo e mais amplo que na antiga Grécia. Com efeito, os Romanos, desenvolveram uma publicidade verbal de tipos informativo e persuasivo, adejando em torno de aspectos políticos, religiosos, culturais, desportivos e outros, a qual originou mesmo o aparecimento de um novo grupo ocupacional: os pregoeiros.
A par deste processo antigo de informar, e convencer desenvolveram-se outros baseados na inscrição e na escrita. Ilustram estes factos históricos os painéis de parede, designados álbuns, em que eram anunciados os jogos e combates.
Nos nossos dias, a publicidade, tende a identificar-se com os mecanismos económico-sociais capitalistas. A publicidade está em toda a parte. Todos os anos quantias fabulosas são gastas em publicidade. Os meios utilizados são diversos, vemo-los e ouvimo-los desde a altura em que de manhã ligamos o rádio enquanto nos vestimos, até à noite em que nos relaxamos frente à televisão. Porque a publicidade é omnipresente e intrometida, todos tomamos posição sobre ela, no entanto poucos estarão habilitados a definir publicidade com precisão e ainda menos compreenderão a importância da publicidade nesta comunidade inter-relacionada de instituições e indivíduos, a que chamamos sociedade.

Definição de publicidade
            Em sentido lato, por publicidade entende-se qualquer processo através do qual tornamos público conhecimentos, ideias ou produtos. Neste sentido, a publicidade não se distingue da propaganda nem do anúncio. Em sentido restrito, no entanto, a publicidade é o processo de tornar conhecido publicamente um produto ou um serviço através dos suportes ou dos meios de comunicação social (imprensa escrita, rádio, televisão, cinema, cartaz etc), mediante o pagamento de uma determinada remuneração.[6] Neste sentido, a publicidade distingue-se da propaganda por tentar promover produtos ou serviços e não ideias e ideologias. Distingue-se igualmente do anúncio por comportar sempre uma contrapartida financeira.
As definições de publicidade que têm sido mais aceites e nós também nos apreendemos nelas, definem-na do ponto de vista da função do marketing que desempenham, ou do papel na aceleração de bens e serviços do produtor para o consumidor. A AMA (American Marketing Association) recomenda a seguinte definição: Publicidade é qualquer forma paga de apresentação e promoção não pessoal de ideias, bens ou serviços, através de um patrocinador específico e identificado. Esta definição tem por finalidade distinguir publicidade de qualquer outra acção que, embora conduzindo ao conhecimento (relações públicas, etc.), não é paga e não tem intenção de levar directamente ao desencadear de uma acção. Fala-se normalmente de publicidade, quando se compra tempo ou espaço para contar a história. A prática da publicidade está consideravelmente mais avançada do que a teoria e muitos profissionais têm dificuldade em estabelecer a natureza e os limites da sua profissão. A publicidade tem as suas raízes em vários indícios como a antropologia, a arte, a economia, o marketing, as matemáticas, a psicologia, a sociologia, entre outras.

Uma Abordagem Sobre A Publicidade
              Segundo Paul Robert, a publicidade é a Arte de exercer uma acção psicológica sobre o público, com fins comerciais.[7] Da informação ao reclamo, do estudo das motivações à criação de necessidades novas, a publicidade vai buscar às técnicas psicológicas, os métodos de pesquisa e o estudo dos motivos inconscientes. A publicidade repousa sobre uma necessidade evidente: é preciso informar o público da existência de um produto para que as pessoas pensem em compra-lo. A eficácia da publicidade sobre a venda não pode negar-se, mas ela depende tanto da importância do orçamento previsto como da aplicação de certos dados definidos pelas técnicas psicológicas.
 
O Choque Psicológico
            Antes de mais, é preciso impressionar a imaginação. Cartazes de cores chocantes, fluorescentes, néon, cintilações, etc. para fazer penetrar o nome de um novo produto na memória, nada melhor que uma formula simples, repetida cem vezes. É o slogan publicitário, muitas vezes acompanhado de brindes que dispõem favoravelmente os compradores eventuais.

                                                    A Lisonja dos Instintos
            Para incitar o futuro cliente a passar ao acto de comprar, faz-se apelo a todos os seus desejos profundos: gosto do luxo, do conforto, da boa comida, etc. é preciso que a necessidade desagradável de desembolsar o dinheiro seja camuflada momentaneamente pelos impulsos do “princípio de lazer” que dá a vida ao inconsciente.
            O objectivo da publicidade é fazer crer ao homem que a maioria dos seus bens estão ao seu alcance, mesmo aqueles a que ele tinha renunciado de uma vez por todas. Ela também faz a modificação de sentimentos. Não está apenas ligada à promoção de bens, a maior parte dela é de ajudar a venda de bens ou serviços a potenciais consumidores.
            A moderna publicidade é planeada tendo o objectivo a persuasão. Embora as expressões “apresentação” e “promoção” envolvam uma exibição e lançamento, dificilmente sugerem uma tentativa activa para influenciar as pessoas a agir ou acreditar através de um manifesto apelo à razão ou à emoção. Isto é a persuasão. É interessante notar que o elemento persuasão é frequentemente ignorado em alguns conceitos modernos de publicidade. Aparentemente embora se aceite que a publicidade seja uma força inanimada que acelera a distribuição de bens e serviços, declarar abertamente que ela tem um carácter de persuasão é rotulá-la de acção irracional, anti-racional e sem ética.

Alguns Princípios Éticos e Morais da Publicidade
Para o devido uso recto dos meios é absolutamente necessário que todos os que se servem deles conheçam e levem à prática, neste campo, as normas de ordem moral. Neste contexto, oferecem-se aos mass midia simplesmente duas opções: ou eles ajudam as pessoas a compreender e a realizar melhor o bem e a verdade, ou transformam-se em forças destruidoras que se opõem ao bem-estar humano. Isto verifica-se de modo particular no que concerne à publicidade.
Perante esta situação global, formulamos o seguinte princípio para os profissionais da publicidade: «os publicitários – ou seja, os que encomendam, os que realizam e difundem a publicidade – são moralmente responsáveis pelas estratégias que incitam as pessoas a comportarem-se duma determinada maneira».[8] Esta responsabilidade é partilhada pelos editores, por quem desempenha as suas funções na televisão por quantos fazem parte do mundo das comunicações sociais, bem como por aqueles que a garantem comercial ou politicamente, porque participam do mesmo modo nos diferentes estádios do processo publicitário.
Quando uma iniciativa publicitária estimula o público a fazer uma opção ou a agir de maneira razoável e moralmente boa para si próprio e para o próximo, empenha os seus autores na vida do bem. Pelo contrário, se ela estimula às más acções, autodestruidoras e destruidoras duma autêntica comunidade, os seus autores praticam o mal. Isto também é válido para os meios e técnicas publicitárias: «é moralmente errado recorrer a métodos de manipulação e de exploração, pervertidos ou corruptos, a fim de persuadir ou motivar».[9] A este propósito, indicamos os problemas particulares relacionados com a chamada publicidade indirecta, que incita o público a agir duma certa maneira, sem estar totalmente consciente de ser condicionado. As técnicas em questão mostram determinados produtos ou formas de comportamento num âmbito sedutor, associando-os a personagens que estão na moda. Em alguns casos extremos, a publicidade pode mesmo recorrer às mensagens subconscientes. Dentro deste quadro muito geral, podemos identificar alguns princípios morais que se aplicam especificamente à publicidade, dos quais mencionamos três: a veracidade na publicidade, dignidade da pessoa humana e a responsabilidade social.

Aspectos Económicos: técnicas, meios e objectivos.
            No esforço de vendas é necessário desenvolver técnicas para estabelecer comunicações directas e persuasivas com os clientes e que cada uma tem objectivos e modos de actuar diferentes e, por isso, com funções bem determinadas no desenvolvimento da parte respectiva da estratégia comercial.[10] Estas técnicas são a publicidade, a venda pessoal, a promoção de vendas, as relações públicas e as acções especiais (publicity). Caracterizemos sumariamente cada uma:
            A publicidade: o conceito desta técnica já apresentamos a cima. Os meios utilizados por ela podem ser os de massa (mass media), tais como jornais, revistas de grande tiragem, banda desenhada, televisão, rádio, cinema sonoro, discos, cartazes (de parede e em viaturas), ou de menor difusão, p. ex., revistas especializadas, inserções nas páginas amarelas. Quanto ao objectivo, para além do já referido, ela pretende estabelecer o contacto.
            Venda Pessoal: apresentação pessoal, em entrevista com um ou mais compradores, de mensagens sobre produtos, serviços ou ideias, com o propósito de conseguir uma venda. É a forma de promoção mais agressiva e, consequentemente, talvez a mais eficiente, pois permite modificar a mensagem à medida das necessidades, mas é também a de maior custo e a de mais difícil controle. Os meios utilizados para esta técnica são, naturalmente, os vendedores, os quais podem ter vários perfis e desempenhar funções diversas conforme a empresa em que trabalham e a clientela a que se destinam. Objectivo: despertar interesse.
            Promoção de vendas: conjunto de materiais e técnicas que reforçam e completam a publicidade e a venda pessoal, estabelecendo um diálogo entre os segmentos marcados e a empresa ou entre esta e os canais de distribuição com um objectivo de aceleração das vendas. Os meios utilizados podem ser de vários tipos e entre eles encontramos materiais impressos, concursos, brindes, demonstrações etc. Objectivo: obter preferência.
            Relações públicas: pretendem criar, antecipadamente, um ambiente de confiança ou compreensão, eliminando prevenções, travões ou preconceitos. Legitimam assim a existência, os objectivos e a acção da empresa perante os seus públicos. Utilizam, de um modo geral, os meios de publicidade, especialmente os de massa, mas, quando a sua acção se exerce sobre um público específico, usam também meios de menor difusão mais adequados. Objectivo: obter encomenda.
            Acções especiais (publicity): consiste no estímulo não pessoal da procura de um produto ou serviço pala divulgação de elementos comerciais significativos, através dos meios da publicidade ou obtendo a apresentação favorável nos órgãos de informação, sem ser paga pelo patrocinador. Estas formas de promoção são classificadas em rubrica especial. Objectivo: proporcionar satisfação contínua.

Anúncios Publicitários, Percepção e Persuasão
Construir um anúncio publicitário é construir uma máquina de guiar a percepção. É dar os títulos aos elementos visuais, ao texto o valor necessário para que o encadeamento dos conceitos se faça no sentido desejado. É dar à apresentação do produto e à marca o espaço e a dimensão convenientes para que alcancem o máximo impacto. Este espaço e esta dimensão não são um maior número de caracteres, mas sim uma sequência de percepção que vai criar o impacto do produto e da marca. Para ser eficaz, a publicidade deve comunicar claramente a mensagem, deve ficar na memória e persuadir o público a comprar. Assim se afirma que na publicidade a arte gráfica é utilizada de modo mais criativo, porque além da função estética realça as funções  expressiva e persuasiva.[11]
            Até mesmo um teste de comunicação pode ser feito com o anúncio filmado ou mesmo antes. Uma maneira é criar situações de observação forçada. Apresenta-se o anúncio a algumas pessoas e depois pergunta-se-lhes o que lhes foi transmitido. Este é um modo simples e pouco dispendioso de avaliar o que o anúncio diz. Este tipo de pesquisa permite testar todo o anúncio ou qualquer parte dele (uma frase, uma demonstração etc). É importante ter a certeza de que o anúncio diz realmente aquilo que se pretende dizer. Um anúncio deve prender a atenção das pessoas e fazê-las conhecer o produto. O método mais comum de provar se isto se verifica é o teste de memória de um anúncio televisionado. A pesquisa de memória é largamente utilizada porque o teste tem lugar em condições reais, em casa, proporcionando uma avaliação simples e relativamente barata, podendo também dar a conhecer comentários sobre o anúncio.
            A persuasão é o elemento de um anúncio de mais difícil avaliação, mas a capacidade de convencer os consumidores a comprar é a finalidade de toda a publicidade, e pode ser medida. Existem muitas técnicas para avaliar a capacidade de persuasão. Muitas delas medem, de algum modo, a capacidade do anúncio para transformar as atitudes do consumidor. A pesquisa de persuasão é muito útil quando se inicia uma nova linha de comunicação.
 
CAPÍTULO III: A PERCEPÇÃO E A PUBLICIDADE 

Cada indivíduo possui sua percepção pessoal de acordo com suas experiências de vida, assim duas pessoas podem ter percepções distintas sobre um mesmo produto, pessoas da mesma idade, sexo e da mesma classe social expostas a um mesmo estímulo podem captá-lo de forma diferenciada de acordo com suas necessidades individuais. Os elementos de uma publicidade podem proporcionar diferentes interpretações e, qualquer estímulo visual, físico ou verbal pode influenciar a resposta individual do consumidor. Ora, vale apenas considerar que (la personnalité est élément determinant de la perception) a personalidade é o elemento determinante da percepção.[12] Na prática, a percepção nada mais é do que um processo que nos permita descodificar os estímulos e mensagens externas que recebemos a cada segundo. Se as necessidades e motivações de um indivíduo, analisadas anteriormente, se concretizam, por vezes, na compra e no consumo ou em qualquer outro acto, não deveríamos chegar à conclusão, precipitadamente, que o interior do ser humano é o suficiente para explicar todos os seus actos, comportamento e atitudes. Além de suas necessidades básicas, psicológicas ou biológicas, o que um consumidor compra depende, também, do que há disponível no meio que o rodeia.[13] O publicitário ao elaborar uma peça precisa buscar meios que facilitem a percepção da mensagem que ele quer transmitir naquele produto midiático, para que as pessoas com diferentes histórias de vida consigam entender e interpretar a mensagem. Para isso a publicidade recorre a imagens e palavras que tentam persuadir o receptor a utilização ou aquisição daquele produto, a maioria delas contém elementos que reduzem o nível de ambiguidade.
Para o publicitário é importante conhecer o público para quem se produz, facilitando assim seu processo criativo para que seu produto final seja claro e fácil de interpretar de acordo com o público que se quer atingir. Quando o publicitário conhece bem a empresa cliente, o serviço e o público alvo que pretende atingir com esse produto midiático, ele consegue utilizar simbologias que esse público específico possa perceber e assimilar com sua experiência de vida, e assim atinge mais facilmente o desejo final do anunciante que é vender o produto ou a ideia. Segundo o escritor Adriano Duarte Rodrigues, o público, enquanto categoria do juízo crítico, torna-se assim, numa instância de decisão e de legitimidade, num autêntico sujeito de enunciação, na medida em que se arroga o direito e até o dever de informar e de ser informado, situando para isso a legitimidade sob o modo do «saber», em oposição à modalidade do soberano, à modalidade do «querer».[14]
Os níveis de percepção do consumidor em relação à mensagem da publicidade propõem que poucas são as pessoas que prestam muita atenção à publicidade e que o nível de atenção dedicada à mensagem publicitária pode variar do interesse ou entretenimento, à incredulidade, ironia ou ridículo, à completa não- atenção, ou mesmo à não-atenção activa (por exemplo, quando se usa o controle remoto para mudar canais de televisão).
O dia-a-dia do consumidor é cercado de propagandas, publicidades e marcas por onde quer que ele passe, por isso, a mensagem se torna mais difícil ainda de ser transmitida, a concorrência de anúncios e chamamentos até mesmo dentro de casa, na tela do computador ou na rua aumenta a disputa pela atenção do público. Além disso, na actualidade a correria não deixa que a população em geral ocupe muito tempo observando os detalhes dos anúncios. Portanto, para que a peça seja percebida, nada melhor do que utilizar estímulos visuais atraentes, diferentes e sempre direccionados ao consumidor que deseja alcançar e a mensagem que se quer transmitir.
Observa-se que a percepção vem ganhando cada vez mais destaque no campo da publicidade, visto que recorre a imagens e palavras para persuadir o espectador à compra ou utilização de produtos ou serviços. A importância de estudar a percepção se fortalece quando se reconhece que o ser humana ser afectado e influenciado por uma combinação de conjunto de estímulos que passam a dar lugar a uma interpretação pessoal das coisas, do mundo em geral, já que, em sentido restrito, a percepção de cada pessoa é única. Isto explica as razões pelas quais duas pessoas podem não ver ou interpretar as coisas da mesma forma. É a partir deste entendimento sobre a percepção e de que maneira ela pode influenciar no comportamento que profissionais de publicidade vêm buscando encontrar estratégias que facilitem e acelerem o fenómeno que funciona da seguinte forma: uma boa publicidade gera percepção que por sua vez, leva à acção, à participação e, finalmente, à aquisição do produto.

CONCLUSÃO
O Estudo da percepção é de extrema importância porque o comportamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade e não na realidade em si. Por este motivo, a percepção das actividades publicitárias e do mundo em geral é diferente para cada um de nós. A publicidade e a respectiva percepção exercem uma influência considerável na nossa sociedade. Mas à questão da publicidade está na forma como a sua influência deve ser orientada. Embora a maior parte das críticas sobre publicidade sejam exageros decorrentes de instâncias isoladas e não de práticas generalizadas, têm o mérito de alertar as pessoas para um período latente, tornando-as conscientes da sua responsabilidade. A publicidade tem vindo também a ser encarada como um guia do comportamento pessoal do consumidor. A sua esfera de influência tem vindo a alargar e a sua aplicação a estender-se a diversas áreas.

Os indispensáveis garantes dum comportamento ético correcto da indústria publicitária são, antes de tudo, as consciências bem formadas dos profissionais da publicidade: consciências sensíveis ao próprio dever não só de satisfazer os interesses dos que encomendam ou financiam o seu trabalho, mas também de respeitar e de velar pelos direitos do seu público e de servir o bem comum.


BIBLIOGRAFIA.

RODRIGUES, A. D., Estratégias da Comunicação, Ed. Presença, Lisboa, 1990.

AA.VV., A Arte de Comunicar – Metodologia, Ed. Paulistas, Lisboa, 1992.

AA.VV., Ética da publicidade, Ed. Paulinas, S. Paulo – Lisboa, 1997.

AA.VV., Polis – Enciclopédia da Sociedade e do Estado: antropologia, direito, economia e ciência política, nº 4, Ed. Verbo, Lisboa-S. Paulo, 1986.

AA.VV., Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura nº 22, Ed. Verbo, Lisboa-S. Paulo, 2002.

AA.VV., Dicionário de Psicologia, Ed. Verbo, Lisboa-S. Paulo, 1978.

GUIMELLI, C., & ROUQUETTE, M. L.,Problèmes psychologiques des methods audio-visuelles, Ed. Cle International, Paris, 1979.

FONTES

http://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o. Último acesso: dia 02. 04. 2013 às 16:50:30.

http://pcmarques.paginas.sapo.pt/pubper.htm, Último acesso: dia 02.04.2013. às 17:55:50.


[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o. Último acesso: dia 02. 04. 2013 às 16:50:30. 
[2] J. NOGUEIRA, in Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura nº 22, (Sub. Art. Percepção), Ed.Verbo, Lisboa-S. Paulo, 2002, pag. 705.
[3] AA.VV. Dicionário de Psicologia, (Sub. Art. Percepção), Ed. Verbo, Lisboa-S. Paulo, 1978, pag. 380.
[4] http://pcmarques.paginas.sapo.pt/pubper.htm, Último acesso: dia 02.04.2013. às 17: 55:50
 
[6] A. D. ROIDRIGUES & E. M. CORREIA, in Polis – Enciclopédia da sociedade e do Estado: antropologia, direito, economia e ciência politica, nº 4, (Sub. Art. Publicidade), Ed. Verbo, Lisboa-S. Paulo, 1986, pag. 1707.
[7] AA.VV. Dicionário de Psicologia, (Sub. Art. Publicidade), Op. Cit., pag.440.
[8] AA.VV., Ética da publicidade, Ed. Paulinas, S. Paulo – Lisboa, 1997, pag. 24.
[9] Ibdem.
[10] A. D. ROIDRIGUES & E. M. CORREIA, Op. cit., pag. 1714.
 
[11] AA.VV., A Arte de Comunicar – Metodologia, Ed. Paulistas, Lisboa, 1992, pag. 123.
[12] C. GUIMELLI & M.-L. ROUQUETTE, Problèmes psychologiques des methods audio-visuelles, Ed. Cle International, Paris, 1979. pag. 14.
[13] http://pcmarques, Site Cit.
[14] A. D. RODRIGUES, Estratégias da Comunicação, Ed. Presença, Lisboa, 1990, pag. 40.

terça-feira, 23 de abril de 2013


A LITURGIA DO CONCÍLIO VATICANO II

Significado Teológico, Litúrgico e Pastoral
 
A história da Liturgia é, pois muito complexa. Não pode ser estudada sem ter em conta todos os elementos que para ela contribuíram. Especialmente o conhecimento dos ritos orientais é indispensável para se fazer uma ideia de conjunto e para discernir o que é essencial e o que é secundário. Se as diversas liturgias diferem na forma uma das outras, todas testemunham, contudo, as mesmas verdades essenciais e os mesmos mistérios de salvação. Esta variedade demonstra a riqueza do cristianismo, jamais esgotada pela diversidade de expressão encontrada ao longo da história. Mas, vamos ao que nos interessa.

Do Concílio De Trento Ao Concílio Vaticano II

Do ponto de vista da evolução da liturgia latina, os quatro séculos que decorreram entre o concílio de Trento e o Vaticano II podem dividir-se em três períodos: no começo e no fim, um meio século de intenso reflorescimento (1562-1614 e 1903-1962) que separaram três séculos de estabilidade, durante os quais os problemas litúrgicos passam a plano secundário na vida da Igreja.[1] Com a promulgação da constituição De Sacra Liturgia pelos padres do Concílio Vaticano II (4 de Dezembro de 1963) abriu-se uma nova era na história da liturgia.

LITURGIA DO CONCÍLIO VATICANO II

A Constituição do Concílio Vaticano II sobre a liturgia situou-se na mesma linha do documento de Pio XII, ultrapassando-o amplamente em muitos pontos, sobretudo na íntima vinculação estabelecida entre o culto divino e a santificação dos homens e na importância concedida aos ritos litúrgicos como sinais eficazes: «Com razão se considera a liturgia como o exercício do sacerdócio de Jesus Cristo. Nela, os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação do homem; e assim, o corpo místico de Jesus Cristo, isto é, a cabeça e os membros, presta a Deus o culto público integral» (SC 7).

Sentido Teológico.

Diferentemente dos Padres de Trento, os do Concílio Vaticano II expuseram explicitamente uma Teologia da Liturgia. A Constituição apresenta o Mistério Pascal de Cristo, ao «qual foram prelúdio as grandes obras divinas no povo do Velho Testamento»,[2] como a fonte e o centro do culto prestado a Deus pelo Corpo Místico de Jesus Cristo. Nascida da morte e da ressurreição do Senhor, a Igreja tem por missão anunciar aos homens que eles foram salvos no sangue de Cristo, enxertá-los pelo baptismo no mistério pascal de Cristo e renovar a refeição sacrifical do Senhor «até que ele venha», antecipando na assembleia litúrgica da terra o ajuntamento dos homens na nova Jerusalém. (SC 5-6). 

Sentido Litúrgico

Os padres do Trento tinham em vista só a correcção do Missal e do Breviário em uso na Igreja romana desde os séculos XII-XIII; por isso é que nós temos substancialmente no Missal e no Breviário de S. Pio V, o Missal de Inocêncio III e o Breviário Franciscano de 1223. Se a Constituição do Concílio Vaticano II exige «que se mantenha a sã tradição» (SC 23) na restauração da liturgia, quer também «que seja aberto o caminho ao progresso legítimo» (ibid.), a fim de «adaptar os ritos à capacidade dos fiéis» (SC 34), «à diversidade das assembleias, das regiões, dos povos» (SC 38) e de «apresentar aos fieis mais rica a mesa da palavra de Deus» (SC 51). A reforma concerne não somente o Missal e o Breviário, mas todos os livros litúrgicos (SC 25), o canto sagrado, o arranjo dos lugares do culto (SC 112) e, sobretudo, o modo de participação dos fiéis na liturgia, «a participação plena e activa de todo o povo na celebração» a constituir o objectivo essencial da restauração litúrgica (SC 14).
Sentido Pastoral

O concílio Vaticano II afirmou-se como o concílio da colegialidade episcopal (do papa e dos bispos) na sua legislação litúrgica, antes mesmo de ser promulgada a Constituição dogmática da Igreja. Desta maneira confere poderes importantes em matéria de liturgia «às diferentes assembleias de bispos legitimamente constituídas, competentes num dado território» (SC 22), especialmente no respeitante às adaptações necessárias, «sobretudo para a administração dos sacramentos, sacramentais, procissões, língua litúrgica, música sagrada e artes» (SC 39).

SINOPSE

Eis a definição de Liturgia que tem em conta todos os contributos do Corpo Místico: «O conjunto de acções rituais e simbólicas, através das quais a obra sacerdotal de Cristo, de louvor a Deus e de Santificação dos homens, realizada de uma vez para sempre no Seu mistério pascal, continua na Igreja até a consumação escatológica».[3] Esta visão tem uma série de vantagens teológicas e pastorais, pois com ela se supera a noção meramente racional de culto religioso, ao sublinhar que, na liturgia cristã, não só se tributa culto a Deus, mas também se realiza a santificação dos homens, e se ultrapassa também a ideia da liturgia como culto social, ao insistir em que o aspecto principal do culto litúrgico não é social, mas “pessoal” de Cristo. Neste sentido, pode-se dizer que a liturgia é menos acção da Igreja para Deus e mais acção de Cristo para a Igreja, e pode-se afirmar igualmente que a Igreja se constitui pela liturgia, sendo esta a explicação da sua natureza essencialmente cultual e santificadora.

Evidentemente, a concepção que apresentamos da liturgia afasta-se muito da visão meramente “estética”, já que, se os ritos externos e sensíveis têm grande importância na liturgia, não a têm como elementos decorativos e só  de alcance pedagógico, mas como consequência na natureza sacramental da Igreja, enquanto prolongamento vivo da própria obra de Cristo, que se realizou visivelmente através de uma humanidade concreta, sacramento do Pai. e afasta-se também da visão “jurídica”, dado que um acto não é litúrgico por ser imperado pela hierarquia, mas porque contém a presença do culto e da santificação operada por Cristo.
A intervenção da hierarquia é necessária para poder discernir, entre as diversas actividades da Igreja, até as de tipo religioso cultual, aquelas que, certamente, contêm a presença privilegiada de Cristo; porém, tal intervenção não é a causa última do carácter litúrgico das referidas acções, mas unicamente a condição do seu discernimento. Noutra perspectiva, podemos afirmar que os actos litúrgicos devem submeter-se a determinadas leis que não são tanto disposições normativas de tipo meramente jurídico, quanto exigências iniludíveis, derivadas da própria maneira de ser do culto litúrgico eclesia
Quanto ao lugar que a liturgia ocupa no conjunto da acção pastoral da Igreja, o Concílio Vaticano II traçou uma linhas suficientemente orientadoras, ao afirmar, por um lado, que a «sagrada liturgia não esgota toda a actividade da Igreja» (SC 9), e, por outro, que «a liturgia é o cume a que tende toda a actividade da Igreja, e, ao mesmo tempo, fonte donde dimana toda a sua força.
Ora, os trabalhos apostólicos ordenam-se a que, uma vez feitos filhos de Deus pela fé e pelo baptismo, todos se reúnam, louvem a Deus na Igreja, participem no sacrifício e comam a ceia do Senhor». Sem esquecer, em nenhum momento, a primazia absoluta da caridade: «a própria liturgia impele os fiéis a que, “saciados com os sacramentos pascais”, sejam “concordes na piedade”; roga a Deus que “conservem na sua vida o que receberam na fé”, e a renovação da aliança do Senhor com os homens na eucaristia acende e arrasta os fiéis  para uma urgente caridade de Cristo». (SC 10).

 

 

BIBLIOGRAFIA

DICIONÁRIO DE PASTORAL Nº 4, Ed. Perpétuo Socorro, Porto, 1990.

MARTIMORT A. G.,  A Igreja e Oração – Introdução à Liturgia, Ed. Ora et Labora, Portugal, 1965.

CONCÍLIO ECUMÉNICO VATICANO II – Documentos Conciliares e Pontifícios, Ed. A.O, Braga, 1987.

 

 

 

 

 

 

 



[1] P. JOUNEL In  A Igreja e Oração – Introdução à Liturgia, Ed. Ora et Labora, Portugal, 1965, pag. 50
[2] A. G. MARTIMORT, A Igreja e Oração – Introdução à Liturgia, Ed. Ora et Labora, Portugal, 1965, Pag 60.
[3] J. LOPIS, In Dicionário de Pastoral nº 4, (sub. Art. Liturgia), Ed. Perpétuo Socorro, Porto, 1990, pag. 314.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

HANS KÜNG (1928-)



Hans Küng é um importante teologo católico crítico da infalibilidade papal e da doutrina papal com relação ao celibato,ordenação de mulheres e ecumenismo. Hans Küng nasceu em 19 de Março de 1928 em Sursee no cantão de Lucerna na Suiça, entrou para vida religiosa estudando na Universidade Gregoriana em Roma e Paris, foi ordenado padre católico-romano em 1954 e em 1957 concluiu seu doutoramento em teologia com a tese Justification, em que trata da questão da justificação da fé. Se tornou professor de teologia da Universidade de Tübigen (1960 - 1996) na Alemanha, onde também a partir de 1963 dirigiu o Instituto de Pesquisa Ecumênica. Teve papel fundamental no Concílio Vaticano II sendo nomeado peritus (consultor teológico) pelo Papa João XXIII e ajudou na redação das conclusões do concílio que renovou áreas fundamentais do ensino e das práticas católicas.

Desde os anos da década de 1960 Küng foi um dos críticos mais severos da Infalibilidade Papal, publicou em 18 de janeiro de 1970, centenário da declaração da infalibilidade papal no Concílio Vaticano I, o livro Infallible? An Inquiry em que esmiuçou e rejeitou o caráter infalível de qualquer decisão papal e da cúria. Em 1979 publicou nos principais jornais do mundo seu artigo Um ano de João Paulo II que demonstrou o reacionarismo do papa ao aceitar só nominalmente o Concílio Vaticano II, quando na substancia fortaleceu a centralização curial, impôs o culto a personalidade, endossou a exclusão das mulheres do sacerdócio e a permanência do celibato; como conseqüência desse artigo e sua críticas a infalibilidade, teve sua licença para lecionar como teologo católica cassada pelo Papa João Paulo II.

Depois da proibição foi nomeado professor de teologia ecumênica de Tübigen onde pode desenvolver seus estudos sobre ecumenismo em particular com relação ao Luteranismo; nesta tarefa Küng se sente totalmente à vontade já que se dedica prioritariamente à união dos povos, das raças, das religiões, enfatizando o que há de comum entre eles, relativizando o que os separa. Em sua tese de doutorado , Justificação em 1957 já tinha chegado a conclusão da possibilidade de um acordo teológico entre catolicismo e luteranismo que foi efetivamente realizado em 1999.

Küng se aposentou como professor em 1996 e logo a seguir foi eleito presidente da Fundação Ética Global de Tübigen.

Considerado como o teólogo mais polêmico e problemático de hoje, seus 70 anos apresentam, em retrospectiva, um panorama esplêndido de atividade acadêmica, científica e literária como muito poucos podem oferecer. Seu pensamento destina-se a esclarecer o genuinamente cristão e católico, desmascarando, sem medo, tudo o que de espúrio e corrupto se introduziu no cristianismo ao longo de sua história de séculos. O viver e o acontecer da Igreja é seu campo de pesquisa e sua luta, que o levaram a enfrentamentos, acareações e condenações da Igreja oficial.

Alguém disse que o seu trabalho científico e teológico reproduz na Igreja de Roma o que século e meio realizara Newman na Igreja da Inglaterra: procurar razões e fundamentos para a sua fé católica. Desde a tese doutoral, Justificação. A doutrina de Karl Barth e uma reflexão católica (1957), passando pelo trabalho como conselheiro no Vaticano II, até a última obra Projeto de ética global (1990), toda a sua produção é uma pesquisa do cristão em todos os seus planos e dimensões. Assim devemos ler os seus livros: Existe Deus?; Ser cristão; Infalível?. Todos eles suscitaram polêmica e o colocaram contra a parede. Negaram-lhe o título de teólogo e até o de cristão. Muitos se perguntaram: Küng é verdadeiramente católico? Por que continua sendo católico? Ele mesmo se fez esta pergunta e lhe responde da seguinte forma: “A resposta, tanto para mim, quanto para muitos outros, é que não quero deixar que me arrebatem algo que faz parte de minha vida. Nasci no seio da Igreja Católica: incorporado pelo Batismo à imensa comunidade de todos os que acreditam em Jesus Cristo, vinculado por nascimento a uma família católica que amo entranhadamente, a uma comunidade católica da Suíça à qual volto com prazer em qualquer oportunidade; em uma palavra, nasci num solar católico que não gostaria de perder nem abandonar, e isto como teólogo...”.

“Desde muito jovem conheço Roma e o papado mais a fundo do que muitos teólogos católicos, e não guardo, apesar do que se tem dito contra, nenhum afeto anti-romano. Quantas vezes ainda terei de falar e de escrever que não estou contra o papado nem contra o papa atual, mas que sempre tenho defendido, ante os de dentro e frente aos de fora, um ministério de Pedro purificado de traços absolutistas, de acordo com os dados bíblicos! Sempre me pronunciei a favor de um autêntico primado pastoral no sentido da responsabilidade espiritual, direção interna e solicitude ativa pelo bem da Igreja universal... Um primado não de domínio, mas de serviço abnegado...

“Desde muito jovem vivi a universalidade da Igreja Católica e nela pude aprender e receber muitas coisas de inumeráveis homens e amigos de todo o mundo. Desde então resulta-me mais claro que a Igreja Católica não se identifique mais com a hierarquia nem com a burocracia romana...

“Por que, então, continuo sendo católico? Não apenas em razão de minhas raízes católicas, mas também em razão dessa tarefa que para mim é a grande oportunidade de minha vida e que somente posso realizar plenamente, sendo teólogo católico no marco de minha faculdade teológica. Mas isso nos leva a outra pergunta: Que significa propriamente o católico, isso que me impulsiona a continuar sendo teólogo católico?

“Segundo a etimologia do termo e da antiga tradição, é teólogo católico quem, ao fazer teologia, sabe-se vinculado à Igreja Católica, isto é, universal, total. E isto em duas dimensões: temporal e espacial... Nesse duplo sentido, quero continuar teólogo católico e expor a verdade da fé católica com uma profundidade e abertura igualmente católicas. Neste sentido podem ser também católicos certos teólogos que se chamam protestantes ou evangélicos, coisa que acontece de fato e, particularmente, em Tubinga. Isso deveria constituir um motivo de alegria para a Igreja oficial...

“Essa aceitação da catolicidade no tempo e no espaço, na profundidade e na abertura, significa que é preciso aprovar tudo o que as instâncias oficiais ensinaram, prescreveram e observaram ao longo do século XX?... Não, não é possível que se refira a uma concepção tão totalitária da verdade... De tudo se depreende que ser católico não pode significar aceitar e suportar tudo submissamente com uma falsa humildade em aras de uma pressuposta ‘plenitude’, ‘totalidade’ e ‘integridade’. Isso constituiria uma má complexio oppositorum, um trágico amálgama de contradições, de verdade e erro...

“Em todo caso, a catolicidade deve ser entendida sempre com um sentido crítico fundamentado no Evangelho... A catolicidade é dom e tarefa, indicativo e imperativo, enraizamento e futuro. Nesta tensão quero continuar fazendo teologia e continuar expondo a mensagem de Jesus aos homens de hoje com a mesma resolução que até agora, disposto a aprender e retificar sempre que se trate de um diálogo amistoso e fraterno...”.

Atualmente Hans Küng mantém boas relações com a igreja. Hans Küng é uma das figuras mais dignas de nota da teologia contemporânea. Dedica-se ao estudo das grandes religiões, sendo autor de obras conceituadas em todo o mundo.

Obras de Hans Küng em português:

- Uma ética mundial e responsabilidades globais
- A Igreja Católica
- Por que ainda ser Cristão hoje?
- Religiões do mundo em busca dos pontos comuns
- Teologia a caminho
- Religiões do Mundo
- Projeto de ética mundial

PENSAMENTOS DE HANS KÜNG

"Não haverá paz entre as nações, se não existir paz entre as religiões. Não haverá paz entre as religiões, se não existir diálogo entre as religiões. Não haverá diálogo entre as religiões, se não existirem padrões éticos globais. Nosso planeta não irá sobreviver, se não houver um etos global, uma ética para o mundo inteiro".

"A religião pode fundamentar de maneira inequivocável porque a moral, as normas e os valores éticos devem vincular incondicionalmente (e não apenas quando é cômodo) e, portanto, universalmente (para todas as linhagens, classes e raças). O humano émantido exatamente porque é concebido como fundadono divino. Tornou-se claro que somente o incondicionado pode obrigar de maneira absoluta, somente o Absoluto pode vincular de maneira absoluta"

"Não é o consumo de luxo que decide a longo prazo sobre a qualidade de uma situação econômica, mas sim uma melhor infra-estrutura, uma maior segurança, um mundo ambiente intacto, e (...) os trabalhadores com melhor formação, nos quais é preciso investir".

"Devemos avançar de uma ciência eticamente livre, para outra eticamente responsável; de uma tecnocracia que domina o homem, para uma tecnologia que esteja a serviço do próprio homem;... de uma democracia jurídico formal a uma democracia real, que concilie liberdade e justiça".

“Se hoje uma exegese a-histórica já está totalmente superada, também o está uma teologia
dogmática a-histórica. E se a Bíblia precisa ser interpretada de forma mais histórico-crítica, então com muito mais razão também o dogma pós-bíblico. Uma teologia que, em vez de questionar criticamente os ‘dados’, permanece aberta ou veladamente autoritária, não poderá responder às exigências científicas do futuro".
 
Fonte: http://teologia-contemporanea.blogspot.com/2008/02/hans-kng-1928.html